sábado, 26 de dezembro de 2009

Realismo em Portugal (1865-1890) e no Brasil (1881-1893)

REALISMO: Portugal (1865-1890)
O desenvolvimento do movimento realista está ligado às profundas mudanças ocorridas na Europa durante a segunda metade do século XIX. O capitalismo entra em um novo estágio: de um lado, grande progresso industrial e formação de grandes empresas; de outro, uma volumosa classe operária fazendo reivindicações sociais. Essas transformações criam novas tensões sociais e, conseqüentemente, novas posições ideológicas. Nesse contexto, a Europa é agitada por novas idéias no campo da Filosofia e das ciências, o que permite um conhecimento mais amplo do ser humano.
Realismo é retratar o homem e a sociedade a partir da observação do ambiente, costumes, das atitudes, dos comportamentos, buscando as causas dos fatos e fenômenos que abordam. Ele surgiu em reação ao subjetivismo e individualismo do Romantismo. Em seu lugar surge o objetivismo.
O início do Realismo em Portugal foi em 1865, com a grande polêmica travada nos jornais, conhecida como Questão Coimbrã. A “Questão” envolvia o debate e troca de acusações entre os seguidores da escola romântica e os da nova escola realista. Os principais autores e obras do Realismo em Portugal são:
Prosa
1- Eça de Queirós: é um dos maiores prosadores da língua portuguesa. Combate as falhas da
instituições, satiriza os costumes com sutileza e graça, num estilo fluente e de vigor narrativo.
Obras: O crime do padre Amaro, O primo Basílio, Os Maias, O mandarim e outros.
2- Fialho de Almeida: A cidade do vício, O país das uvas, Contos.
Poesia
1- Antero de Quental: Optou pela poesia filosófica, metafísica, indagadora das causas dos fenômenos da consciência e da existência. Obras: Odes modernas, Versos dos vinte anos, Sonetos completos, Raios da extinta luz.
2- Cesário Verde: É chamado o “Poeta do Cotidiano”, das coisas que parecem insignificantes, comuns. Obras: O livro de Cesário Verde.
3- Guerra Junqueiro: Começa como romântico e evolui para o realismo. Obras: A musa em férias, Os simples, A velhice do Padre Eterno
4- Gomes Leal: Tem uma poesia heterogênea, sarcástica, indignada e, na última fase, voltada contra as injustiças e a corrupção social. Obras: Claridades do sul, O anti- Cristo, O fim do mundo.

REALISMO: Brasil (1881-1893)
No Brasil, as últimas décadas do século XIX refletem a crise da monarquia e a urbanização cada vez mais acentuada. O marco inicial do Realismo foi em 1881, com a publicação de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, e de “O Mulato”, de Aluísio Azevedo.
Movimentos do Realismo
Os ideais do Realismo originaram os movimentos:
1- Naturalismo: movimento que considera o ser humano como produto biológico profundamente
marcado pelo meio ambiente, pela educação, pelas pressões sociais e pela hereditariedade. Todos esses fatores determinam sua condição e comportamento. O primeiro romance naturalista brasileiro foi O Mulato”, de Aluísio Azevedo, publicado em 1881.
2- O Parnasianismo: O Realismo na poesia chamou-se Parnasianismo. Os poetas parnasianos
adotam a teoria da “Arte pela arte” e deixam transparecer, em suas obras, uma espécie de impassividade, de indiferença moral. A palavra parnasiano vem de Parnaso, nome dado na mitologia grega, a uma região onde se acreditava que morassem as musas. O Parnasianismo é um movimento anti-romântico. Procura na poesia a impessoalidade e grande cuidado com a linguagem. Tem por princípios, o culto dos aspectos formais do poema (a arte pela arte), sem envolvimento com os problemas sociais. No Brasil, o lançamento do livro “Fanfarras”, de Teófilo Dias, em 1882 é considerado o início do Parnasianismo.
Os principais parnasianos foram Olavo Bilac, Raimundo Correia, Alberto de Oliveira e Vicente de Carvalho, o Poeta do Mar.
Os principais autores e obras do Realismo foram:
1-Machado de Assis: Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro em 1839.
Em 1897, tornou-se o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, que ajudou a fundar. Foi poeta, teatrólogo, cronista e crítico literário. É considerado o amor contista da nossa língua. Sua obra é universal, pois sua análise da alma humana refere-se a qualquer época e a qualquer povo.
· Romances: Ressureição, A mão e a luva, Helena, Iaiá Garcia, Memórias póstumas
de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba, Esaú e Jacó e outros.
· Contos: Contos fluminenses, Histórias da meia-noite, Páginas recolhidas e outros.
· Crônica: A semana.
· Poesias: Crisálidas, Falenas, Americanas, Ocidentais.
· Teatro: Os deuses de casaca, O protocolo, Queda que as mulheres têm pelos tolos, Quase ministro, Caminho da porta.
· Crítica: Machado de Assis exerceu a crítica literária, crítica teatral.
2-Raul Pompéia: Raul d´Ávila Pompéia nasceu em Angra dos Reis (RJ), em 1863, e faleceu
no Rio de Janeiro, com perturbações mentais, em 1895. Engajou-se na luta abolicionista e era adepto dos ideais republicanos. Sua maior obra é O Ateneu. É uma crônica de saudades, que retrata a dolorosa experiência de um menino, vivida no internato Ateneu, dirigido pelo professor Aristarco. Romance com doses naturalistas, responsabiliza o meio como de grande influência na formação do caráter. Outras obras: A mão de Luís Gama, As jóias da Coroa, Uma tragédia no Amazonas, Canções sem metro (Poemas em prosa)
3- Aluísio Azevedo: Aluísio Tancredo Gonçalves Azevedo nasceu em São Luís do Maranhão,
em 1857, e faleceu em Buenos Aires (Argentina), em 1913. Romancista, contista e cronista. Suas obras se dividem em romances românticos (escritos com objetivo comercial e dirigidos ao público) e os romances naturalistas (com valor artístico e literário). Seus temas abordam o preconceito racial, a bestialização dos homens pela sensualidade, as taras hereditárias, a corrupção clerical, os marginalizados sociais o ideal republicano, a crítica ao capitalismo e ao conservadorismo. Obras: O Mulato, Casa de Pensão, O Cortiço, O homem, O coruja.
4- Artur Azevedo: Teatro: Amor por Anexins, A Capital Federal, A jóia.
5- Inglês de Sousa; Cenas da vida amazônica. O cacaulista, O coronel sangrado, O missionário.
6- Adolfo Caminha: O bom crioulo, A normalista.
7- Manuel de Oliveira Paiva: Dona Guidinha do poço.
8- Alberto de Oliveira: Canções românticas, Meridionais, Sonetos e poemas, Versos e rimas, Livro de Ema, Ramo de Árvore.
9- Raimundo Correia: Primeiros sonhos, Sinfonias, Versos e versões, Alelulias.
10- Olavo Bilac: Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac nasceu no Rio de Janeiro, em 1865, e morreu na mesma cidade em 1918. ocupou vários cargos públicos. Foi apelidado de “Poeta Cívico”, pela campanha que fez em prol da alfabetização e do serviço militar obrigatório. Foi autor da letra do Hino à Bandeira. Obras: Panóplias, Via-Láctea, Sarça de fogo, Alma inquieta, As viagens, O Caçador de Esmeraldas, Tarde, Tratado de versificação.
11- Vicente de Carvalho: Ardentias, Relicário, Rosa, Rosa de amor, Poemas e canções.

Nenhum comentário:

Postar um comentário