sábado, 26 de dezembro de 2009

Humanismo: 1418-1527

HUMANISMO: 1418 - 1527
Humanismo é o movimento cultural iniciado na Itália e que se espalhou pela Europa, no período de transição da Idade Média à Idade Moderna(1418-1527).
No final da Idade Média, a Europa passa por profundas transformações. Surge o mercantilismo(economia baseada no comércio), e a economia baseada exclusivamente na agricultura perde em importância para as outras atividades. As cidades portuárias crescem, atraindo camponeses. Surgem novas profissões e pequenas indústrias artesanais. Nessas pequenas cidades, chamadas burgos, surge uma nova classe social, a burguesia, composta por mercadores, comerciantes e artesãos, que passa a desafiar o poder dos nobres. O espírito medieval, baseado na hierarquia nobreza-clero-povo, começa a desestruturar-se. Diante do progresso, o homem percebe-se como força criadora capaz de influir nos destinos da humanidade. O homem descobre o homem. E passa a crer que pode construir o próprio futuro. O misticismo medieval perde a força, e o teocentrismo(Deus como centro do universo) dá lugar ao antropocentrismo(o ser humano no centro da vida humana).
Essa nova visão refletiu-se nas grandes obras do período que tinham como centro de interesse o próprio ser humano.
Fatores que contribuíram para as mudanças:
Ampliação do mundo, conhecido através das grandes navegações
A ascenção da burguesia voltada para o comércio e para a vida material
A invenção dos tipos móveis na imprensa por Gutenberg, que facilitou a divulgação das obras clássicas, até então copiadas à mão, pelos monges nos mosteiros
As manifestações literárias mais significativas do período humanista em Portugal foram:
Na historiografia: obras de Fernão Lopes, Gomes Eanes de Azurara e Rui de Pina.
Na poesia: obras de João Ruiz de Castelo Branco. Seus poemas eram carregados de lirismo.
No teatro: obras e autos de Gil Vicente. Autos é o nome genérico dos textos poéticos da Idade Média, usados nas representações teatrais, carregados de religiosidade, e alguns temas profanos e satíricos.
FERNÃO LOPES: considerado o criador da historiografia em Portugal. Ele arquivava os documentos históricos do país. Em 1434 foi cronista, escrevendo a história dos reis de Portugal, e também investigava as relações sociais que movimentavam o país. Suas principais obras: Crônica de D. Pedro, Crônicas de D. Fernando e Crônica de D. João I.
GIL VICENTE: Criador do teatro popular em Portugal. Sua primeira apresentação, em 1502, foi o Auto do vaqueiro ou o Auto da visitação, dedicada ao filho recém nascido do rei D. Manuel. O teatro de Gil Vicente baseia-se principalmente na sátira(as farsas), que ele utilizava para criticar e denunciar os erros, a corrupção e a falsidade de todas as camadas sociais: da nobreza, do povo e do clero, apesar de ser muito religioso. O teatro era sua arma de combate e de denúncia contra a imoralidade. A linguagem era simples, espontânea e fluente, assim como os cenários e as montagens. Era autor e ator de suas representações, cheias de improvisos, já previstos.
Sua produção contém 44 obras. Seus personagens não têm nome, são sempre designados pela profissão, assim registrando tipos sociais que faziam parte da sociedade da época. Suas principais obras são: Monólogo do vaqueiro ou Auto da visitação, Trilogia das barcas(Auto da barca do inferno, Auto da barca do purgatório, Auto da barca da glória), Auto da alma, Farsa de Inês Pereira, Juiz da beira, Auto da feira, Quem tem farelos?, Auto da Lusitânia, Auto da Índia e Floresta de enganos(sua última peça).
Gil Vicente escreveu seu próprio epitáfio, isto é, as palavras que deveriam ficar gravadas sobre o seu túmulo.

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